Dois corpos que caem

Ilustração: Tom B

Ilustração: Tom B

Afinal não havia oito corpos em cima do antigo diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn (DSK), mas apenas seis. Essa foi a maneira de uma das advogadas de DSK, Frédérique Baulieu, contestar a amplitude das supostas orgias no hotel Carlton em Lille, e diminuindo o valor do testemunho de Jade, garota de programa que acusa o ex-patrão do FMI de proxenetismo. Pressão da mídia, raiva, revanchismo, todas as palavras não chegam para tentar culpabilizar a acusadora com uma visão condescendente. Mesma estratégia em relação aos testemunhos de M., outra garota de programa que participou nas festas libertinas e que acusava DSK de ter conhecimento de que as mulheres presentes eram prostitutas contratadas de propósito para agradá-lo. Sobre os SMS enviados por Strauss-Kahn chamando as garotas de “material”, a mesma advogada fala de “instrumentalização”.

A defesa de DSK argumentou que ele foi julgado pela sua posição social e pelo que ele é e representa. Na verdade, trata-se do oposto. Strauss-Kahn vai provavelmente ser liberado e inocentado justamente por ser quem ele é. O outro advogado de Strauss-Kahn afirma que “uma sodomia bem tratada [pela imprensa], é mais fácil de ser vendida do que uma declaração de inocência”. Estamos perante um linchamento de uma carreira. Que pena.

Não havia oito corpos sobre DSK. Esses dois corpos quase mancharam a imagem de um homem vítima do seu sucesso. Esses dois corpos não têm a mesma voz que o de DSK mas provavelmente no final farão toda a diferença.

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